Assim, porque és morno, e não és frio nem quente, vomitar-te-ei da minha boca.
Durante a minha caminhada, por algumas vezes, quase perdi minha essência. Desde o meu real encontro com Jesus, eu nunca entendi o porquê das pessoas não sentirem aquilo que eu estava sentindo e não agirem como Jesus me pedia para agir. Questionei como algumas pessoas com anos/décadas de evangelho poderiam se contentar com apenas afazeres ministeriais e uma vida tranquila (comparada aos ímpios), mas isso não perdurou muito na minha mente, eu estava empolgada demais com as boas novas.
Eu sentia o meu corpo esquentar enquanto eu falava de Cristo e uma ansiedade incontrolável de anunciar o Reino a quem o Senhor me enviava. E com o expandir do evangelho, eu me sentia cada vez mais viva e com sede das coisas que eu ainda não conhecia, mas que me seriam reveladas. Experiências incríveis ao lado de Jesus me esperavam e assim eu entendi o real sentido de tudo — e que sentido maravilhoso.
Com tudo o que estava sentindo e vivendo era inevitável que um poderoso amadurecimento espiritual viesse sobre mim, e ele veio. E eu cresci. Mas quando a gente cresce, se torna mais crítico e mais cuidadoso em relação a tudo — então foi aí que eu comecei a observar. Eu sentia que essa necessidade que eu tinha em não ser como os outros e querer transformar essa geração, era uma utopia, algo que nem fazia tanto sentido assim. Então eu me concentrei em ir à igreja e fazer o que todo mundo fazia, me concentrei em ter uma vida sem escândalos, mesmo que algo em mim ainda desse pistas que eu não era só mais uma no aprisco fazendo tudo roboticamente, orando como se repetisse mantras e acomodada com a ideia de Cristo um dia vai voltar e tendo uma vida pacata, já estava de bom tamanho para ir pro céu. Algo em mim queria mais, embora eu me sentisse mal por isso.
Estamos vivendo em uma geração de oito e oitenta. Por um lado, vejo um grande avivamento sendo manifesto por intermédio de pessoas que querem ser não só crentes, mas discípulos de Jesus, e por outro lado, vejo uma geração acostumada com o nível raso que ela encontra. Desta forma, houve um momento de quebra de religiosidade na minha vida em que verdadeiramente fui liberta do molde que queriam me encaixar e eu descobri que não nasci para ir à igreja, que meu chamado não é participar de reuniões e decidir qual vai ser o próximo evento e que eu não posso me contentar em me comparar ao próximo e ver que o meu pecado é "melhorzinho" que o dele.
Eu sempre soube que existia algo em Deus que eu nunca tinha visto e eu resgatei a disposição que ainda havia em mim, para buscar por isso. Para buscar pelo que me fazia sentir viva e para sentir Cristo vivendo em mim. Lembro que depois de uma conversa profunda com o Senhor, ele gentilmente me perguntou qual era a minha missão e as palavras escorregaram da minha boca sem pensar: "eu nasci para te amar" e isso com certeza mudou a minha vida. Mais do que ter um ministério, ter um cargo ou participar de uma escala, eu nasci para amar e ser amada por ele e isso é tudo.
Meus olhos se abriram para entender que por ter um relacionamento com ele, é que eu vou à igreja, dou o meu melhor, ministro os meus irmãos, participo dos eventos e do que mais for necessário. Porém, não é por nenhuma dessas obras que serei salva, para que eu não me glorie. Fui liberta da cegueira para perceber que eu tenho sim que fazer parte do corpo — pois Jesus vem buscar uma só noiva e não várias delas individualizadas —, mas eu não posso me camuflar à organização, eu preciso exercer o ministério de Jesus que é um organismo vivo e muito mais profundo do que as quatro paredes.
Muito mais.
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